domingo, 19 de fevereiro de 2017

A LEVEZA

seus olhos fitavam os meus. juro-te, impensável era o caso. do medo e do momento tirei
intrépida coragem pra chegar-te e encostar meu rosto ao seu, dizendo duas ou três
palavras. sua face rosada balançou positivamente, seu sorriso abalou meus neurônios,
sentia então você como eu, vice e versa, uma massa disforme num planeta chamado terra.
pedia ao deus moinho que ele soprasse ao teu ouvido, para que escutasse o que eu tinha a
dizer. lábio com lábio, a doçura se entende,sabes? mas a intensidade de viver-te vai além.
além de tudo,talvez. além do eu...até. Leve contigo partes de mim, para que ao menos elas
lhe conheçam bem. Leve, mas volte se quiser. Apenas leve, corazon. Leve.

leve pluma, há quem o diga
fardo impensável, serotonina
meu vício, tua boca
dois lábios de menina.
um encontro casual
talvez comum, alheio ao “mais”
todavia sei que posso dizer sim
sei que casualidade não me satisfaz.
maldito seja o século vinte e um
que trouxe curas e revoluções
mas também trouxe o medo e o receio
de viver amores e paixões.
certa de meu parnasianismo inútil
frustro-me e o utilizo como válvula de escape
para que a métrica traduza aos poucos
o desejo mórbido da minha insanidade.
mas nem de longe isso é uma entrevista
boletim ou diário de alquimista
não cobro respostas nem mudanças
abrupta hora,
dissipadas
esperanças.
só queria tua sombra
confundindo-se com a minha
só queria tua hora
um pedaço do teu dia.
todavia só a tua consciência
a tua doce consciência da minha existência
já me basta. já me salva. me completa.

D'ANGELO

Opala Azul. "O Universo".

Um comentário:

  1. A mesma pena que jorra o verso, rasga a alma do poeta; Desfaz em partículas as suas emoções...Quiçá pudesse, também, serzi-la, em um mosaico de luzes e sombras, exposto em uma moldura imortal...

    ResponderExcluir