segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

VÁLVULA


Mas que vida é essa onde não me reconheces?
Que não posso te chamar pelo nome
Que não respondes
Que teus braços não me aquecem?
Cadê tua serena e maldita canção
que insistia em soar nos meus ouvidos
Com tua voz doce
As letras que fiz
Como canções de ninar?
Sua face mistura-se
Sua voz se altera
Não és mais a mesma
E digo mais
Não és mais minha amada
Amo apenas o que restou
E como se perderam minhas linhas outras
Que também falavam sobre ti
Essas não tardarão a se apagar
Como seus traços faciais
Teu tom
No baú dos desesperos humanos
A válvula triste
Meu coração.
Volte pro buraco onde lhe criei
Nunca foste mais que um receptáculo
Meu receptáculo
Porque fui eu quem fiz.
É o mal dos criadores
A praga da imperatriz.

D'ANGELO



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