sábado, 10 de fevereiro de 2018

TETO

sem teto
eu?
o meu teto de tão humano às vezes chora
umedecendo sempre
minha única troca de roupa
e já que é janeiro
molha junto a troca das horas

da folha verde pra mente inconstante
da mente inconstante pro corpo inerte
do corpo inerte pro leito da terra
do leito da terra ao teto limite
tal teto centelha
e ilumina a alheia
visão distante de infinito

o luxo ou o conforto do divã
subentende-se que desdenho
quando o troco pela liberdade
e não pelo desempenho

também não há pedra
fenda, fissura ou emenda
que quebre, destrua ou detenha
a onisciência desse céu ametista
perolado preto
pero âmbar sambista
tudo está no bolso
sei de tanta coisa
mas não penso em nada mais.

além de ser companhia
aliado da virtude
meu teto é minha casa
é meu chão
meu respirar
minha psicanalista
rivotril
bicicleta
peixe

meu teto é meu limite
meu teto 

é
meu
lar.
 






Rob Gonsalves

2 comentários:

  1. Teu poema me confortou mais que palavras alheias que me lançam todos os dias. Obrigada

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    Respostas
    1. Muito obrigada, Alex! Saber que você entende e vive essas linhas bem como eu me da força e inspiração para continuar. Certas vezes nada tenho, e invariavelmente nada sou, mas o nada, quando coletivo, enquanto poesia, é muito e muito, sempre. Seja bem vindo e espero que tenha vindo pra ficar. :))

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      Forte abraço <3

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