sexta-feira, 7 de abril de 2017

AS MORTES BUROCRÁTICAS DE JANIS JENNY

-Quem é agora?
-Abra a porta e veja em vez de reclamar.
-Você sabe que eu sempre abro a porta.
-E?
-É sua vez.
-Sabe que eu não sei fazer essas coisas.
-Problema seu.
-Ok….vou olhar por debaixo da porta primeiro.
-Rápido…
-É aquela garota de capuz amarelo outra vez.
-A alta e abstrata?
-A própria.
-Aconteceu de novo?
-Tenho pena dessa garota.
-Avisamos pra ela que da próxima vez não daria pra ressuscitar.
-Teremos de dizer isso a ela.
( porta se abre )
-Olá…- disse a moça acanhada.
-Você pisou na bola de novo,J. Infelizmente dessa vez é o inferno direto.
-Mas o que tem de mais morrer de amores?
-É uma morte como qualquer outra.
-Qualquer outra?
-Tipo overdose.
-Me mande morta pra baixo então. Tenho coisas a acertar com aquela maldita.
-O que andam dizendo lá embaixo? Fantasmas, anjos, essas coisas não existem. Pensam -que o céu é mais que uma repartição pública?
-Me deixe voltar, por favor.
-São as regras. Pegue essa ficha e aguarde no segundo corredor a direita. Vai e não peques -mais.
-Se eu pecar?
-Reencarna automaticamente e como penalidade será desprovida de alma e saberás disso.
( porta se fecha )
( passos de salto 38 no chão do corredor celestial )
-Puta que pariu...essa é a fila pro inferno, moça?
-É sim.
-Deixa eu te perguntar, sem alma eu sinto prazer?
-A alma é a camisinha do amor.
-Jesus!
-Vai pro inferno porque?
-Amei de mais.
-Misericórdia...meus sentimentos.
-E você?
-Só Overdose.


D’ANGELO

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